sábado, 23 de maio de 2009

Na dúvida, ultrapasse

Bom, após quase um mês sem postar, estamos de volta. O pessoal que entra e acompanha (queria até agradecer todo mundo, estamos quase com 100 visitas ao blog) que me perdoe, mas esse mês realmente apertou na Federal e nos serviços extras. Mas, deixemos de papo e "vamo" lá:

Seguindo com os temas das postagens, chegamos no conselho. E o conselho é "Na dúvida, ultrapasse".


Contrariando todas as regras do Detran, Contran, BHtrans e todos os trans existentes para nos ferrar no trânsito, aqui estou eu. No trânsito até pode ser que as tais regras sejam mais sensatas, mas, na vida profissional e pessoal de cada um, definitivamente não.

Todos os dias nos deparamos com decisões a serem tomadas. Para os geeks, a cada dia construímos nossa árvore binária de decisões tomadas. Para quem não é geek, aí vai o que é uma árvore binária:

Logo no ínicio do dia, deparamos com um situação, e temos duas opções de decisão: sim (1) ou não (0). Seja optando por sim, seja optando por não, logo depois de decidir a primeira já caímos na próxima situação de tomar mais uma decisão de sim ou não e por aí vai. La question est: quais decisões tomar?

O que tenho notado é muita gente decidindo por não e mais não, sem nem mesmo saber o que significa o sim. Pessoas que ao invés de colocar pingos nos i's, vivem em um mundo de i's "despingados"; infelizes, pois não se arriscam a dar um sim. Preferem não correr o risco de perder do que correr o risco ganhar. É aí que se perdem todas nossas chances de ultrapassar. Num simples não, ou vários.

Lulu já previu isso muito antes de mim quando diz em Tempos Modernos:

Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais sim do que não

Nietzsche em A Gaia Ciência, no Livro I, em Do Objetivo da Ciência diz:

Como? O objetivo último da ciência é proporcionar ao homem o máximo de prazer e o mínimo de desprazer possíveis? E se prazer e desprazer forem de tal modo entrelaçados , que quem desejar o máximo de um tenha de ter igualmente o máximo do outro - quem quiser aprender a "rejubilar-se até o céu" tenha de preparar-se também para "estar entristecido de morte"?
Durante muito tempo vivi tentando ter o mínimo de desprazer possível, ou melhor, simplesmente não ultrapassar. Realmente durante esse tempo tive poucos ou, melhor, quase nenhuma decepção ou infelicidade sempre optando pelo não. Há alguns anos decidi arriscar. E hoje não arrependo. Cada momento que "estive entristecido de morte", foi sobreescrito pelos meus momentos de ultrapassagem em que "rejubilei-me até o céu". Momentos que nunca tive até mudar o estilo de vida.

Sendo assim, o conselho que fica é ultrapassar. Na dúvida, ultrapassem. Não pensem o que pode tar vindo no sentido oposto ao seu encontro para chocar contra você. Pensem o quanto vocês estão fazendo (e deixando o caminho para trás) para chegar ao seu objetivo. E, certamente que o objetivo vai valer a toda e qualquer batida que você sofreu para chegar nele.

Então, já reduziu hoje da 5a pra 4a pra forçar sua ultrapassagem?


Nietzsche, A Gaia Ciência, Livro I, Do Objetivo da Ciência

Como? O objetivo último da ciência é proporcionar ao homem o máximo de prazer e o mínimo de desprazer possíveis? E se prazer e desprazer forem de tal modo entrelaçados, que quem desejar o máximo de um tenha de ter igualmente o máximo do outro - quem quiser aprender a "rejubilar-se até o céu" tenha de preparar-se também para "estar entristecido de morte"? E assim é, talvez! Ao menos os estóicos acreditavam que é assim, e eram coerentes ao ansiar pelo mínimo de prazer, para ter o mínimo de desprazer na vida (quando diziam que "o homem virtuoso é o mais feliz", isso era tanto uma divisa da escola, para a grande massa, como uma sutileza casuística para os sutis). Ainda hoje vocês têm a escolha: ou o mínimo de desprazer possível, isto é, ausência de dor - e no fundo os socialistas e políticos de todos os partidos não podem, honestamente, prometer mais do que isso à sua gente - ou o máximo de desprazer possível, como preço pelo incremento de uma abundância de sutis prazeres e alegrias, até hoje raramente degustados! Caso se decidam pelo primeiro, caso queiram diminuir e abater a suscetibilidade humana à dor, então têm de abater e diminuir também a capacidade para a alegria. Com a ciência pode-se realmente promover tanto um quanto o outro objetivo! Talvez ela seja agora mais conhecida por seu poder de tirar ao homem suas alegrias e torná-lo mais frio, mais estatuesco, mais estóico. Mas ela poderia se revelar ainda como a grande causadora de dor! - E então talvez se revelasse igualmente o seu poder contrário, sua tremenda capacidade para fazer brilhar novas galáxias de alegria!